quinta-feira, 7 de junho de 2007

PISCICULTURA BÁSICA

O QUE SÃO ALEVINOS?
→ Alevinos são os filhotes de peixes e em geral são peixes jovens com 30 a 90 dias de nascidos. Normalmente, consideramos alevinos, os peixes até 10 centímetros de comprimento.
O QUE SÃO PEIXES JUVENIS?
→ Consideramos peixes juvenis os alevinos avançados que em geral são maiores que 10 centímetros.
O QUE SÃO PEIXES ADULTOS?
→ Peixes adultos são os peixes que estão com peso comercial ou preparados para a reprodução.
O QUE É PISCICULTURA?
→ Piscicultura vem de pisci (peixes) e cultura (criação) ou seja criação de peixes.

O QUE É PISCICULTOR?
→ É aquele que prática a criação de peixes.


TIPOS OU MODELOS DE PISCICULTURA :


Δ PISCICULTURA EXTENSIVA – É a criação mais simples e de menores despesas para o criador. É o tipo de piscicultura aonde existe uma massa d’água e o piscicultor aproveita para povoar com juvenis de peixes. O piscicultor não faz a adubação e nem tão pouco alimenta os peixes com ração ou outro tipo de alimento. Neste sistema de criação a mortalidade é muito grande e a produção de peixes no final da criação é muito baixa. É normal que estes locais (açudes, tanques, reservatórios), estejam sempre cheios de águas e não são capazes de secar ou seja não há saída para as águas. Portanto, nessas águas existem muito tipos de predadores (traíras, piranhas, tartarugas, jacarés, cobra d’água, etc.). Existe lucro para o criador, haja visto que ele tem uma despesa muito baixa, porém o lucro é pequeno.
Δ PISCICULTURA SEMI-INTENSIVA- É a criação de peixes com maior dedicação do criador e com maiores despesas , aonde ele faz a limpeza do viveiro, faz a calagem, adubação e ainda alimenta os peixes. Em geral o tanque ou viveiro é construído pelo criador de peixes. Antes de iniciar a criação dos peixes, o criador faz a limpeza do viveiro e procura encher com água limpa e filtrada (com telas). O adubo usado é esterco de animal ou farelo de arroz e a alimentação dos peixes é com ração. Após a despesca do viveiro, seca-se o local da criação, deixa-se o fundo do viveiro exposto ao sol por alguns dias para depois recomeçar a criação. A mortalidade dos peixes durante a criação é baixa e a produção é bem melhor do que a piscicultura extensiva. Naturalmente que os lucros são maiores que a piscicultura extensiva.
Δ PISCICULTURA INTENSIVA- Este tipo de criação de peixes ainda é mais dispendiosa de que a semi-intensiva. Em geral é feita em vários viveiros ou tanques e em diversas fases de cultivo. Para cada fase de desenvolvimento dos peixes, existe um tamanho de viveiro e um tipo de ração mais adequada com tamanho e proteína adequada. A mortalidade é controlada e na fase final de engorda dos peixes é baixa, quase zero. As despesas com calagem, adubação e ração balanceada para peixes é maior do que a piscicultura semi - intensiva pelo motivo da ração usada ser de melhor qualidade e a água sempre é manejada com melhores cuidados por parte do criador. A qualidade da água é controlada periodicamente, através de medições dos fatores físicos e químicos, tais como o Ph, dureza, alcalinidade, amônia e outros.
Δ PISCICULTURA SUPER INTENSIVA – Este tipo de criação de peixes é a mais dispendiosa que existe, porque ela é praticada em locais aonde as águas é renovada constantemente ou seja a água entra e sai imediatamente do tanque com uma rápida renovação. No maior numero de casos os viveiros de criação são construídos em concreto armado ou o criador cultiva em grandes reservatórios de águas em gaiolas ou tanques redes. É uma criação mais dispendiosa porque o piscicultor tem que fazer um investimento elevado para iniciar a piscicultura. A água de criação neste sistema tem que ser de excelente qualidade, livre de qualquer tipo de poluição com elevado teor de oxigênio dissolvido. A densidade de estocagem de peixes por metro quadrado é demasiadamente elevado e a ração é o único tipo de alimento disponível para a engorda dos peixes. Nos outros tipos de piscicultura os peixes podem até deixar de receber ração em algum dia da semana mas, nesta piscicultura super-intensiva os peixes tem que receber ração de domingo a domingo. É o tipo de piscicultura que goza de suas vantagens e desvantagens. Vamos analisar abaixo:

VANTAGENS DA CRIAÇÃO DE PEIXES EM GAIOLAS / TANQUES – REDE:
1- Não há a necessidade de alagamento de terras que podem servir para atividades normais de agricultura;
2- É aplicável a pessoas que não tenham propriedades rurais;
3- É técnica e economicamente viável em praticamente qualquer escala de produção;
4- Rapidez na implantação do sistema;
5- Alta estocagem de peixes por metro quadrado;
6- Facilidade no manejo de alimentação e despesca dos peixes;
7- Fácil observação do peixe;

DESVANTAGENS DA CRIAÇÃO DE PEIXES EM GAIOLAS / TANQUES – REDE:
1- Caso haja um problema de doença, a contaminação é rápida e a mortalidade também;
2- Caso haja queda de oxigênio dissolvido na água do local da criação, também a mortalidade é mais rápida;
3- Problema de roubo é grave porque se o ladrão quiser, leva toda a produção com rapidez;
4- A única alimentação é a ração balanceada para peixes, sem outras alternativas;
5- A qualidade da água de criação tem que ser ótima com alta taxa de oxigênio dissolvido;
6- Em geral os locais de criação de peixes em tanques-rede são profundos e não é possível em locais rasos;


OS CUIDADOS NECESSÁRIOS PARA SE ALCANÇAR SUCESSO NA ATIVIDADE DE CRIAÇÃO DE PEIXES.

→ AQUISIÇÃO DE ALEVINOS: O primeiro passo para se obter sucesso na criação de peixes é ter um local adequado para começar o cultivo ou seja o piscicultor tem que organizar o local ou locais da criação de peixes com bastante antecedência. O produtor deve adquirir as sementes – alevinos com saúde, bom tamanho (idade pertinente) e bom padrão genético, finalmente o criador deve saber a procedência destes peixes.
→ PREPARAÇÃO DOS TANQUES OU VIVEIROS PARA ESTOCAGEM DOS ALEVINOS: O cuidado do criador de peixes com a preparação dos tanques ou viveiros é que vai dirigir o sucesso ou não da atividade. Antes do criador comprar os alevinos deve preparar os tanques/viveiros com antecedência da seguinte maneira:
Δ Secar o tanque/viveiro: Expor ao sol por um determinado período de tempo. Jogar calcário numa quantidade de duzentos quilos por cada mil metros quadrados. Logo depois adubar com esterco de gado ou farelo de arroz (pó massa).
- esterco = 200 quilos para cada 1.000 metros quadrados;
- farelo de arroz (pó massa) = 20 quilos para cada 1.000 metros quadrados.

Δ Depois encher o tanque/viveiro: com água de boa qualidade (filtrada com telas). Esperar dois a três dias e imediatamente colocar os alevinos. Não demorar muito tempo para povoar com os alevinos, porquê com a demora a água vai ficar com muito predadores naturais, prejudicando os peixes da criação. Cuidar para não deixar que passe a existir plantas aquáticas na água de criação de peixes. Estas plantas são prejudiciais porquê durante as noites elas sufocam os peixes, pois provocam a queda do oxigênio dissolvido na água. No enchimento do tanque ou viveiro é importante que o criador coloque o máximo de água que for possível para que propicie um ambiente agradável para os peixes cultivados e não haja penetração de luz solar até o fundo do viveiro o que provoca a proliferação de plantas aquáticas.
→ CONTROLE DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE CRIAÇÃO DE PEIXES: A qualidade da água da criação de peixes, junto com a alimentação é que vai determinar de fato o sucesso ou não do empreendimento. As águas para a criação de peixes devem ser limpa, sem poluição e sem nenhuma planta aquática sobre a superfície. Esta questão de dizer que as plantas fazem sombra para os peixes, esfriando a água é balela. Os peixes tropicais precisam de águas quentes para aumentar o seu apetite (vontade de comer) e crescimento. O criador não deve exagerar na adubação e na alimentação dos peixes sob pena de baixar a taxa de oxigênio dissolvido. O controle do Ph, alcalinidade e dureza da água são importantes para o sucesso da criação e estes parâmetros são os que mais influenciam no desenvolvimento dos peixes. Existem medidores dos parâmetros da água à venda no mercado e os técnicos da CODEVASF poderá ajudar nas medições.
→ ALIMENTAÇÃO NATURAL E ARTIFICIAL DOS PEIXES: Existem dois meios de alimentar os peixes de cativeiro. O primeiro meio é através da alimentação natural encontrado no corpo da água e que aparecem em quantidade quando o criador interfere no ambiente, através de calagens e adubações periódicas. A desvantagem deste tipo de criação é que normalmente a estocagem de peixes é baixa não havendo uma boa produção para o comércio e geralmente é praticado para o consumo familiar. A vantagem é que o criador não tem maiores despesas com ração. O segundo modo de criar peixes é através de calagens, adubações e alimentação com ração própria para peixes. A vantagem principal é que normalmente se trabalha com taxas de estocagens de peixes mais elevada, sendo praticada para o comércio. Normalmente esta segunda opção, além de mais custosa é mais trabalhosa, porque o piscicultor tem que manejar mais e melhor os peixes da criação.
→ MANEJO DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DOS PEIXES: Vamos orientar em seguida os dois meios de se criar peixes ou seja o meio com alimentação natural e o meio com alimentação artificial (ração).
ALIMENTAÇÃO NATURAL: A preparação do tanque ou viveiro para a criação com alimento natural é feito igualmente como se fizesse com alimento artificial e já foi ensinado no item “preparação dos tanques ou viveiros para estocagem dos alevinos”. Na criação utilizando o alimento natural o criador terá que depois da preparação do viveiro fazer adubações periódicas, conforme a necessidade da água. Então a água é que vai indicar o dia necessário para a adubação ou não. O ideal é o produtor medir ou mandar medir o oxigênio dissolvido e o Ph das águas de criação. São estes fatores que indicarão a necessidade da adubação. Caso o oxigênio dissolvido esteja em ordem (maior que 2 ppm/litro pela manhã e maior que 4 ppm/litro pela tarde) , assim como o Ph estando entre 7 – 8, pode-se começar a fazer a adubação de “manutenção”. A adubação é feita com esterco curtido/animal (esterco bovino, caprino, ovino ou suíno) na proporção de 50 quilos para cada 1.000 metros quadrados, semanalmente. Caso a água esteja muito esverdeada (verde oliva) é sinal que está muito rica (Ph elevado) e não é recomendado a adubação. Outro fator interessante é o criador praticar a polipiscicultura (policultivo) porque existem peixes que se alimentam de fitoplânctons, cuja proliferação são provenientes das adubações e outros peixes, cuja cadeia alimentar é encontrada no fundo como lodo, fezes, detritos etc. E ainda outros peixes, cuja alimentação é a ração. Então se deduz que uma determinada espécie de peixe ajuda outra determinada espécie a se desenvolver. Com este manejo de calagem e adubação periódica o criador vai garantir a sobrevivência e reprodução de pequenos animais e vegetais que servem de alimentação para os peixes. Os primeiros seres vivos (microscópios) a surgir no ambiente, chamamos de fitoplânctons e zooplânctons, logo depois vem animais maiores como vermes, bactérias, insetos, etc. A taxa de estocagem que recomendamos para este tipo de criação de peixes é de 2.000 peixes por hectare ou 1 peixe para cada 5 metros quadrados de água com 1 a 1,5 metro de profundidade. Como o criador em geral cria estes peixes em um único viveiro (uma fase), recomendamos ainda a aquisição de alevinões com comprimento acima de 6 centímetros. O criador deve verificar aonde adquirir estes peixes para não ter maiores problemas na engorda. Periodicamente o criador deve passar uma rede no viveiro para acompanhar o crescimento dos peixes, seu estado de saúde e se existem animais predadores no ambiente de cultivo, visto que a “MÃE NATUREZA” funciona com perfeição. “COCHILOU O CACHIMBO CAI”. Quem vai dizer a hora de secar o viveiro para a despesca é o mercado ou seja o consumidor do pescado, é quem vai comprar, sendo interessante o criador saber com antecedência qual a espécie de peixe preferida pelo comprador bem como o tamanho ou peso preferido.
ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL: A piscicultura feita com ração artificial tem melhor resultado produtivo de que a praticada com alimentação natural, embora
custosa. A preparação do viveiro segue o mesmo esquema da “preparação dos tanques ou viveiros para estocagem dos alevinos”. Na criação de peixes com o alimento artificial, o criador após a secagem e preparação do viveiro com a calagem e adubação de fundação e após o enchimento com água filtrada deve alimentar os animais com ração específica para peixes de cativeiro . Não é mais necessário o criador fazer adubações de manutenções porque na medida que os peixes se alimentam com a ração, os mesmos adubam o ambiente (água) com suas fezes e restos de ração, rica em fósforo e nitrogênio. O correto, se possível, é o criador ter vários viveiros para as diversas fases de crescimento dos peixes, por exemplo:
FASE 1 – É a fase que os peixes chegam na propriedade e estão jovens ou seja são os alevinos com peso reduzido de 1 a 5 gramas. Nesta fase como estes peixes são muito sensíveis é importante que sejam criados em tanques berçários que em geral medem de 100-500 metros quadrados, escavados em terra natural. Esta área do berçário vai depender da quantidade de peixes que o criador tenha interesse de engordar. Nestes berçários o criador vai ter a oportunidade de cuidar melhor dos pequenos peixes com uma alimentação mais controlada, água com melhor qualidade devido a facilidade de manejo e taxa de estocagem de 5-10 peixes por metro quadrado (a depender). A ração oferecida diariamente aos alevinos deve ter as seguintes características:
º Tipo da ração: em pó;
º Taxa de proteína: 36% ou acima;
ºQuantidade de vezes oferecida ao dia: quatro ou mais vezes;
ATENÇÃO: A ração deve ser jogada para os peixes nos horários mais quentes do dia. Caso esteja chovendo, não se recomenda dar ração aos peixes.
ºQuantidade diária de ração em peso: 10 a 5% da biomassa.
EXEMPLO DO CÁLCULO DA BIOMASSA: O criador adquire 2.000 alevinos de 1 grama e coloca em seu tanque berçário. Então, sabe-se que o mesmo está com 2000 gramas ou 2 quilos de carne viva de peixes no berçário ( biomassa). Como recomendamos, o criador deve oferecer 10% sobre a biomassa existente, então ele vai alimentar os alevinos com 200 gramas diária de ração em pó, dividido em quatro vezes ao dia. Este ajuste de ração pode ser feito de 8 em 8 dias, pesando uma quantidade razoável de alevinos e calculando a nova biomassa do viveiro.
Quando os alevinos estiverem já em fase de maior crescimento com peso médio acima de 20 gramas no prazo de 30 a 60 dias de criação são chamados de juvenis ou alevinões. É neste momento que estes juvenis necessitam de repicagem (transferência) para um viveiro maior que podemos chamar de viveiro de crescimento-fase 2 ou dependendo, caso não tenha um terceiro viveiro, até de engorda .
FASE 2 – Nesta fase os peixes com peso em torno de 20 gramas são transferidos para viveiros de crescimento-fase 2 com área de 1.500 - 2.500 metros quadrados. Como os peixes precisam de maior espaço (0xigênio dissolvido em maior oferta) para crescerem, a densidade de estocagem deve ser menor ou seja 2 - 3 peixes por metro quadrado (a depender). A ração oferecida diariamente a estes peixes juvenis tem as seguintes características:
º Tipo da ração: granulada extrusada de 2--2,5 milimetros;
º Taxa de proteína (média): 36% a 30%;
º Quantidade de vezes oferecida ao dia: Duas ou mais vezes;
ATENÇÃO: A ração deve ser oferecida ao peixes nos horários mais quentes do dia. Caso esteja chovendo, recomenda-se não dar ração aos peixes.
º Quantidade de ração diária em peso: 5 – 2% da biomassa.
EXEMPLO DO CÁLCULO DA BIOMASSA: Digamos que o criador, após a fase de criação dos alevinos no berçário, transferiu 1.250 peixes de 20 gramas para o segundo viveiro de crescimento com 2.500 metros quadrados de área. Então, sabe-se que o criador está com 25.000 gramas ou 25 quilos de carne viva de peixes no viveiro de crescimento 2 (biomassa). Como recomendamos, o criador deve dar 5% sobre a biomassa de peixes existente, e vai alimentar os alevinões juvenis com 1,250 Kg (1 quilo + 250 gramas) diário de ração, dividido em 2 ou mais vezes ao dia. O ajuste da quantidade de ração poderá ser feita de 15 em 15 dias, pesando um quantidade razoável de peixes juvenis, calculando a nova biomassa. Quando os peixes juvenis estiverem com um peso médio em torno de 100 gramas no prazo de 30 a 60 dias de criação são chamados de quase adultos e está no momento de transferir (repicar),se possível, para um viveiro maior que podemos chamar de viveiro de engorda final. Uma prática quase sempre correta de saber quando repicar os peixes é quando param de crescer durante as análises da biomassa e o oxigênio dissolvido na água está sempre baixo. Já existem medidores de oxigênio dissolvido em nosso mercado nacional.
FASE 3 – Nesta fase final de terminação (engorda), os peixes são transferidos, digamos com peso médio de 100 gramas para um viveiro de 3.000 a 5.000 metros quadrados de área. Como os peixes, quase adultos, precisam de maior espaço (oxigênio dissolvido) para engordarem, então a densidade de estocagem deve ser menor ainda ou seja 1-2 peixes por metro quadrado (a depender). A ração oferecida diariamente a estes peixes quase adultos tem as seguintes características:

º Tipo da ração: granulada extrusada;
º Taxa de proteína: 28 a 30%;
º Quantidade de vezes oferecida ao dia: duas ou mais vezes.
Atenção: esta ração deve ser oferecida nos horários mais quente do dia. Caso esteja chovendo não é recomendável dar ração ao peixe.
ºQuantidade de ração diária em peso: 5% a 1% sobre a biomassa. EXEMPLO DO CÁLCULO DA BIOMASSA: Digamos que o criador transferiu 1.200 peixes de 100 gramas para a última fase de engorda. Então a biomassa neste viveiro é de 120.000 gramas ou 120 quilos de carne viva de peixes neste último viveiro de engorda. Como recomendamos uma taxa de 5 - 1% sobre a BIOMASSA, digamos que seja de 4%, então logo no começo da engorda vamos oferecer quatro quilos e oitocentas gramas de ração ao dia (duas vezes ao dia). Ao passar do tempo, vamos diminuindo o percentual da relação biomassa, embora aumente a quantidade de ração dos peixes. Com a nossa experiência do dia a dia, estes peixes precisará na última fase de mais ou menos 2-1% da biomassa e 180 dias para atingir um peso médio de 1000 gramas – 1 quilo (a depender). CONCLUSÃO- neste sistema concluímos que o criador vai engordar o seu peixe no tempo total de mais ou menos 8 a 10 meses (a depender).


DESPESCA: Consideramos básico, o criador despescar de uma vez toda a sua produção, evitando passar a rede muitas vezes, pois isto deixa o peixe nervoso, sem apetite para a alimentação e adquirindo doenças o que poderá propiciar prejuízos ao criador na reta final do seu trabalho. Antes de iniciar a criação, o produtor já deve saber a quem vender o seu pescado, a espécie preferida pelo mercado e se possível o valor do preço por quilo.
MERCADO: O mercado para a venda de peixes de águas doces no Brasil é basicamente as cidades interioranas em virtude das pessoas nestas localidades dar preferência a pescado oriundo de piscicultura. Nós temos um grande mercado para o comércio de peixes de cativeiro na região Nordeste que é a cidade de Arapiraca em Alagoas e Fortaleza no Ceará com um forte hábito para o consumo de tilápias, conhecidas também por outros nomes. A região do Baixo Rio São Francisco é um pouco diferente cuja população tem a preferência pelos peixes nativos do Rio (xira, piau, mandim, surubim, dourado, etc,) e pelos redondos de cativeiros que são os tambaquis e tambacus.
Já existe uma Unidade Industrial de Beneficiamento de Pescado de águas doces na cidade ribeirinha de Própria, estado de Sergipe e a expectativa é que esta venha facilitar a vida dos criadores de peixes da região do Baixo São Francisco, comprando de uma única vez toda a produção de pescado do piscicultor com preços pré-estabelecidos em forma de contrato e parceria com Agentes financeiros e Instituições Públicas como CODEVASF, SEBRAE, PREFEITURA e outras instituições.

Propagação Artificial em Tambaqui(Colossoma macropomum)

Reprodução Artificial do Tambaqui (Colossoma macropomum)

Allan de Lima Vieira(*)
Kley da Cunha Lustosa (**)


(*) Técnico em Agropecuária com Habilitação em Zootecnia pela Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão-Sergipe; (**) Graduado em Engenharia de Pesca; Pós-graduado em Propagação Artificial de peixes pela Universidade de Godollo, Hungria.


Apresentação


O manejo reprodutivo artificial é um ponto muito importante para a piscicultura, pois pode melhorar a qualidade dos alevinos, melhorando assim a lucratividade do produtor. A reprodução artificial, como em qualquer outra criação é um método utilizado para aumentar a produtividade.
A hipofisação (método artificial de desova), serve para acelerar o processo de desova dos peixes, aumento da sobrevivência das larvas e alevinos e, conseqüentemente serve para incrementar a produção e produtividade.

Introdução

O Tambaqui (Colossoma macropomum), é um peixe natural da bacia amazônica, que quando bem alimentado e exposto a condições adequadas para o seu desenvolvimento, podem alcançar mais de 1kg em aproximadamente 3 meses, em baixa densidade de estocagem. Na fase adulta, quando estes são usados para a reprodução pode atingir de 60 a 70cm de comprimento em alguns anos ( três a quatro anos).







Matérias e Métodos da propagação artificial

Foram capturados 08 exemplares no total, sendo 04 machos e 04 fêmeas. Estes foram transportados em uma caixa de fibra de vidro com oxigênio dissolvido com muito cuidado para evitar stress. Os mesmos foram colocados e acomodados em tanques de alvenaria de aproximadamente 3m3. Foram separados por sexo em dois tanques cimentados de azulejos com renovação constante de água.
Para o inicio do processo de reprodução, os machos e as fêmeas foram pesados para que assim permitisse os cálculos da dosagem de hormônios a serem utilizados. As fêmeas apresentaram um peso médio de aproximadamente 10,750kg e os machos 06kg. Para a indução da ovulação nas fêmeas, foram administradas 02(duas) doses de hormônios gonadotrópicos, que são extraídos das glândulas das hipófises de peixes vivos (no caso, sacrificando-os) removidas da carpa comum, estas hipófises são dissecadas em acetona. Para a aplicação de hormônios nos machos foi emacerada e diluída as hipófises em solução de soro fisiológico para a indução da produção de espermatozóide.

Administração da 1º dose

Na primeira dose que serve de estimulante, foi utilizado 0,5mg de hipófise para cada kg (quilo) de peixe e 03ml de soro fisiológico para a diluição por fêmea. A primeira dose foi administrada por volta das 11:00horas da manhã, em todas as fêmeas.
Para fazer a hipofisação, foi necessário o auxilio de uma seringa (5ml). O local de aplicação é embaixo de uma das nadadeiras peitorais . Esta 1º dose foi apenas aplicada nas fêmeas, para estimular a desova, nos machos não foi necessária a aplicação porque o processo de formação dos espermatozóides é mais rápido quando comparado a maturação dos óvulos nas fêmeas.

Calculo da 1º dose
Foram utilizadas 4(quatro) fêmeas, com peso médio de 10,750kg e para cada kg foi utilizado 0,5mg de hipófise e 3ml de soro fisiológico para cada uma delas. Cada fêmea com 10Kg recebeu em média 05mg de hipófise, o que correspondeu a 3 unidades de hipófise cada uma contendo 1,7mg, as quais foram diluídas em 03ml de soro fisiológico. Doze horas após aplicação da 1º dose, foram observado o comportamento destas fêmeas e aplicada a 2º dose por voltadas 23:00 horas.

· Administração da 2º dose em machos e fêmeas

A segunda dose foi ministrada por volta das 23:00h do mesmo dia em todos os peixes (machos e fêmeas).
Fêmeas – antes da aplicação da 2º dose foram selecionadas as fêmeas que mais responderam, e melhor reagiram aos estímulos do hormônio na 1º dose, das 4(quatro) fêmeas que receberam a primeira dosagem, apenas duas das quatros apresentaram características à desova. Duas fêmeas foram descartadas. Na segunda aplicação de hormônios nas fêmeas, foi utilizado 5mg de hipófise ( ou seja uma quantidade dez vezes superior a primeira dose ) para cada kg de peixe e 5ml de soro fisiológico para diluição em cada uma delas. Feita a 2º administração do hormônio, as fêmeas foram colocadas de volta nos tanques e o fluxo de água dos mesmos foram aumentando para o incremento do nível de oxigênio dissolvido e estimular o desenvolvimento gonadal das fêmeas e de espermatozóides nos machos.
Machos – todos os machos receberam apenas uma dose única de hormônios, que ocorreu após a administração da 2º dose de hormônios nas fêmeas. Na segunda dose, os machos receberam a quantidade de 50% da quantidade do hormônio da 2º dose aplicada nas fêmeas, sendo utilizado,2,5mg de hipófise por quilograma 3ml de soro fisiológico para diluição por macho.

· Calculo da 2º dose

Fêmeas – foram utilizadas duas fêmeas (as outras duas foram descartadas, não apresentaram sinais estimulantes após a aplicação da 1º dose, tais como a flexibilidade do abdomem). Nestas fêmeas remanescentes com peso de 12kg e 10kg foi utilizado 60mg de hipófise e 8ml (oito) de soro fisiológico, respectivamente. Após a aplicação do hormônio foi feita sutura do orifício urogenital para evitar a perda de óvulos (caso as fêmeas tente liberar os óvulos antes do tempo previsto).
Machos – para os 04(quatro) machos com peso médio de 6 kg, utilizou-se 15,0mg de hipófise por macho, totalizando para os quatro machos 60mg e 12ml de soro fisiológico para diluição. Após a aplicação da segunda dose nas fêmeas e a única nos machos, houve medições da temperatura e do oxigênio dissolvido a cada intervalo de uma hora.



O tambaqui desova entre 240 e 280 horas/grau, tendo como horário previsto para desova entre 08 e 09:00h da manhã. Logo após as 10:10h foi observado que apenas uma das fêmeas apresentava os sinais característicos de desova, movimento rápido e nervoso, e em seguida, as 11:30h um das fêmeas começou a apresentar sinais característicos de maturação final para desovar, totalizando 316,9 horas /grau. Esse somatório excessivo das temperaturas ( horas grau ) não é indicada para o sucesso do processo de hipofisação em tambaqui, pois dessa forma as fêmeas começam a regredir o seu ovário e os óvulos não vão ser fecundados ou terão baixo nível de eclosão.
A temperatura é um fator muito importante para o sucesso de todo o processo de hipofisação, pois atua diretamente no metabolismo dos peixes. No outono-inverno não é recomendado fazer a hipofisação de peixes, uma vez que a temperatura atua diretamente na maturação sexual dos peixes, desenvolvimento dos ovos e embrião, havendo um baixo índice. As épocas mais indicadas para o sucesso da hipofisação em peixes são na primavera - verão, pois as temperaturas em ascensão irão auxiliar o sucesso da hipofisação.
Para o processo de extrusão, o manuseador, capturou as fêmeas e depois de dominadas, seu ventre foi pressionado no sentido crânio-caudal para a expulsão dos óvulos e depositá-los num recipiente completamente seco (bacia plástica). Das duas fêmeas que receberam a 2º dose do hormônio apenas uma desovou. Feita a desova na fêmea, os ovos foram pesados totalizando 1,600kg (1 quilo e seiscentos gramas). Como a fêmea tinha 10 quilos de peso esta quantidade de óvulos extraídos representou 16% do seu peso vivo.
Logo após essa operação de desova, os machos foram capturados para a extrusão do esperma que também é feito no sentido crânio-caudal. O esperma de dois machos foi utilizado para fertilização.
Após a adição do esperma aos óvulos, foi adicionada uma pequena quantidade de água, para haver a fecundação e misturados manualmente para imitar a correntezas do rio.
Os ovos ( já fecundados ) foram colocados em 12 incubadoras e em cada uma delas foram colocados aproximadamente 130gramas de ovos, esperando assim que ocorra a eclosão destes .
Os ovos foram colocados em 12 incubadoras que tem capacidade de armazenar 200litros de água, foi colocado em média 130g de ovos em cada incubadora com fluxo de renovação de 50 litros por minuto. A eclosão dos ovos foi afetada, por vários fatores climáticos, maturação sexual dos óvulos e outros.
Ocorreu medição da temperatura, após detectar o baixo índice de eclosão dos ovos.


CONCLUSÂO


· A metodologia de hipofisação e incubação dos ovos não foi considerada satisfatória, uma vez que a fêmea de Tambaqui não conseguiu ovular entre 240e 280 horas/grau e os ovos incubados não eclodiram, já que a hora/grau ultrapassou as 280 hora/grau após a fecundação com uma temperatura média de 28,88ºC. Deve-se respeitar o metabolismo dos peixes, para que não ocorra essa baixa taxa de eclosão.
· Após a aplicação da 2º dose de hormônio faz-se necessário aumentar o fluxograma da água para facilitar a desova, uma vez que esta prática imita as condições naturais de tambaqui.
· A temperatura da água deve estar em torno de 30ºC e a taxa de oxigênio dissolvido deve estar acima de 4,0mg/L para melhor facilitar a desova, já que a temperatura tem uma importância muito grande para o sucesso de todo o processo de indução hormonal.
· Assim, após ter observado esses parâmetros os ovos foram descartados e todo o processo foi suspenso.

Piscicultura Básica

O QUE SÃO ALEVINOS?
→ Alevinos são os filhotes de peixes e em geral são peixes jovens com 30 a 90 dias de nascidos. Normalmente, consideramos alevinos, os peixes até 10 centímetros de comprimento.
O QUE SÃO PEIXES JUVENIS?
→ Consideramos peixes juvenis os alevinos avançados que em geral são maiores que 10 centímetros.
O QUE SÃO PEIXES ADULTOS?
→ Peixes adultos são os peixes que estão com peso comercial ou preparados para a reprodução.
O QUE É PISCICULTURA?
→ Piscicultura vem de pisci (peixes) e cultura (criação) ou seja criação de peixes.

O QUE É PISCICULTOR?
→ É aquele que prática a criação de peixes.


TIPOS OU MODELOS DE PISCICULTURA :


Δ PISCICULTURA EXTENSIVA – É a criação mais simples e de menores despesas para o criador. É o tipo de piscicultura aonde existe uma massa d’água e o piscicultor aproveita para povoar com juvenis de peixes. O piscicultor não faz a adubação e nem tão pouco alimenta os peixes com ração ou outro tipo de alimento. Neste sistema de criação a mortalidade é muito grande e a produção de peixes no final da criação é muito baixa. É normal que estes locais (açudes, tanques, reservatórios), estejam sempre cheios de águas e não são capazes de secar ou seja não há saída para as águas. Portanto, nessas águas existem muito tipos de predadores (traíras, piranhas, tartarugas, jacarés, cobra d’água, etc.). Existe lucro para o criador, haja visto que ele tem uma despesa muito baixa, porém o lucro é pequeno.
Δ PISCICULTURA SEMI-INTENSIVA- É a criação de peixes com maior dedicação do criador e com maiores despesas , aonde ele faz a limpeza do viveiro, faz a calagem, adubação e ainda alimenta os peixes. Em geral o tanque ou viveiro é construído pelo criador de peixes. Antes de iniciar a criação dos peixes, o criador faz a limpeza do viveiro e procura encher com água limpa e filtrada (com telas). O adubo usado é esterco de animal ou farelo de arroz e a alimentação dos peixes é com ração. Após a despesca do viveiro, seca-se o local da criação, deixa-se o fundo do viveiro exposto ao sol por alguns dias para depois recomeçar a criação. A mortalidade dos peixes durante a criação é baixa e a produção é bem melhor do que a piscicultura extensiva. Naturalmente que os lucros são maiores que a piscicultura extensiva.
Δ PISCICULTURA INTENSIVA- Este tipo de criação de peixes ainda é mais dispendiosa de que a semi-intensiva. Em geral é feita em vários viveiros ou tanques e em diversas fases de cultivo. Para cada fase de desenvolvimento dos peixes, existe um tamanho de viveiro e um tipo de ração mais adequada com tamanho e proteína adequada. A mortalidade é controlada e na fase final de engorda dos peixes é baixa, quase zero. As despesas com calagem, adubação e ração balanceada para peixes é maior do que a piscicultura semi - intensiva pelo motivo da ração usada ser de melhor qualidade e a água sempre é manejada com melhores cuidados por parte do criador. A qualidade da água é controlada periodicamente, através de medições dos fatores físicos e químicos, tais como o Ph, dureza, alcalinidade, amônia e outros.
Δ PISCICULTURA SUPER INTENSIVA – Este tipo de criação de peixes é a mais dispendiosa que existe, porque ela é praticada em locais aonde as águas é renovada constantemente ou seja a água entra e sai imediatamente do tanque com uma rápida renovação. No maior numero de casos os viveiros de criação são construídos em concreto armado ou o criador cultiva em grandes reservatórios de águas em gaiolas ou tanques redes. É uma criação mais dispendiosa porque o piscicultor tem que fazer um investimento elevado para iniciar a piscicultura. A água de criação neste sistema tem que ser de excelente qualidade, livre de qualquer tipo de poluição com elevado teor de oxigênio dissolvido. A densidade de estocagem de peixes por metro quadrado é demasiadamente elevado e a ração é o único tipo de alimento disponível para a engorda dos peixes. Nos outros tipos de piscicultura os peixes podem até deixar de receber ração em algum dia da semana mas, nesta piscicultura super-intensiva os peixes tem que receber ração de domingo a domingo. É o tipo de piscicultura que goza de suas vantagens e desvantagens. Vamos analisar abaixo:

VANTAGENS DA CRIAÇÃO DE PEIXES EM GAIOLAS / TANQUES – REDE:
1- Não há a necessidade de alagamento de terras que podem servir para atividades normais de agricultura;
2- É aplicável a pessoas que não tenham propriedades rurais;
3- É técnica e economicamente viável em praticamente qualquer escala de produção;
4- Rapidez na implantação do sistema;
5- Alta estocagem de peixes por metro quadrado;
6- Facilidade no manejo de alimentação e despesca dos peixes;
7- Fácil observação do peixe;

DESVANTAGENS DA CRIAÇÃO DE PEIXES EM GAIOLAS / TANQUES – REDE:
1- Caso haja um problema de doença, a contaminação é rápida e a mortalidade também;
2- Caso haja queda de oxigênio dissolvido na água do local da criação, também a mortalidade é mais rápida;
3- Problema de roubo é grave porque se o ladrão quiser, leva toda a produção com rapidez;
4- A única alimentação é a ração balanceada para peixes, sem outras alternativas;
5- A qualidade da água de criação tem que ser ótima com alta taxa de oxigênio dissolvido;
6- Em geral os locais de criação de peixes em tanques-rede são profundos e não é possível em locais rasos;


OS CUIDADOS NECESSÁRIOS PARA SE ALCANÇAR SUCESSO NA ATIVIDADE DE CRIAÇÃO DE PEIXES.

→ AQUISIÇÃO DE ALEVINOS: O primeiro passo para se obter sucesso na criação de peixes é ter um local adequado para começar o cultivo ou seja o piscicultor tem que organizar o local ou locais da criação de peixes com bastante antecedência. O produtor deve adquirir as sementes – alevinos com saúde, bom tamanho (idade pertinente) e bom padrão genético, finalmente o criador deve saber a procedência destes peixes.
→ PREPARAÇÃO DOS TANQUES OU VIVEIROS PARA ESTOCAGEM DOS ALEVINOS: O cuidado do criador de peixes com a preparação dos tanques ou viveiros é que vai dirigir o sucesso ou não da atividade. Antes do criador comprar os alevinos deve preparar os tanques/viveiros com antecedência da seguinte maneira:
Δ Secar o tanque/viveiro: Expor ao sol por um determinado período de tempo. Jogar calcário numa quantidade de duzentos quilos por cada mil metros quadrados. Logo depois adubar com esterco de gado ou farelo de arroz (pó massa).
- esterco = 200 quilos para cada 1.000 metros quadrados;
- farelo de arroz (pó massa) = 20 quilos para cada 1.000 metros quadrados.

Δ Depois encher o tanque/viveiro: com água de boa qualidade (filtrada com telas). Esperar dois a três dias e imediatamente colocar os alevinos. Não demorar muito tempo para povoar com os alevinos, porquê com a demora a água vai ficar com muito predadores naturais, prejudicando os peixes da criação. Cuidar para não deixar que passe a existir plantas aquáticas na água de criação de peixes. Estas plantas são prejudiciais porquê durante as noites elas sufocam os peixes, pois provocam a queda do oxigênio dissolvido na água. No enchimento do tanque ou viveiro é importante que o criador coloque o máximo de água que for possível para que propicie um ambiente agradável para os peixes cultivados e não haja penetração de luz solar até o fundo do viveiro o que provoca a proliferação de plantas aquáticas.
→ CONTROLE DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE CRIAÇÃO DE PEIXES: A qualidade da água da criação de peixes, junto com a alimentação é que vai determinar de fato o sucesso ou não do empreendimento. As águas para a criação de peixes devem ser limpa, sem poluição e sem nenhuma planta aquática sobre a superfície. Esta questão de dizer que as plantas fazem sombra para os peixes, esfriando a água é balela. Os peixes tropicais precisam de águas quentes para aumentar o seu apetite (vontade de comer) e crescimento. O criador não deve exagerar na adubação e na alimentação dos peixes sob pena de baixar a taxa de oxigênio dissolvido. O controle do Ph, alcalinidade e dureza da água são importantes para o sucesso da criação e estes parâmetros são os que mais influenciam no desenvolvimento dos peixes. Existem medidores dos parâmetros da água à venda no mercado e os técnicos da CODEVASF poderá ajudar nas medições.
→ ALIMENTAÇÃO NATURAL E ARTIFICIAL DOS PEIXES: Existem dois meios de alimentar os peixes de cativeiro. O primeiro meio é através da alimentação natural encontrado no corpo da água e que aparecem em quantidade quando o criador interfere no ambiente, através de calagens e adubações periódicas. A desvantagem deste tipo de criação é que normalmente a estocagem de peixes é baixa não havendo uma boa produção para o comércio e geralmente é praticado para o consumo familiar. A vantagem é que o criador não tem maiores despesas com ração. O segundo modo de criar peixes é através de calagens, adubações e alimentação com ração própria para peixes. A vantagem principal é que normalmente se trabalha com taxas de estocagens de peixes mais elevada, sendo praticada para o comércio. Normalmente esta segunda opção, além de mais custosa é mais trabalhosa, porque o piscicultor tem que manejar mais e melhor os peixes da criação.
→ MANEJO DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DOS PEIXES: Vamos orientar em seguida os dois meios de se criar peixes ou seja o meio com alimentação natural e o meio com alimentação artificial (ração).
ALIMENTAÇÃO NATURAL: A preparação do tanque ou viveiro para a criação com alimento natural é feito igualmente como se fizesse com alimento artificial e já foi ensinado no item “preparação dos tanques ou viveiros para estocagem dos alevinos”. Na criação utilizando o alimento natural o criador terá que depois da preparação do viveiro fazer adubações periódicas, conforme a necessidade da água. Então a água é que vai indicar o dia necessário para a adubação ou não. O ideal é o produtor medir ou mandar medir o oxigênio dissolvido e o Ph das águas de criação. São estes fatores que indicarão a necessidade da adubação. Caso o oxigênio dissolvido esteja em ordem (maior que 2 ppm/litro pela manhã e maior que 4 ppm/litro pela tarde) , assim como o Ph estando entre 7 – 8, pode-se começar a fazer a adubação de “manutenção”. A adubação é feita com esterco curtido/animal (esterco bovino, caprino, ovino ou suíno) na proporção de 50 quilos para cada 1.000 metros quadrados, semanalmente. Caso a água esteja muito esverdeada (verde oliva) é sinal que está muito rica (Ph elevado) e não é recomendado a adubação. Outro fator interessante é o criador praticar a polipiscicultura (policultivo) porque existem peixes que se alimentam de fitoplânctons, cuja proliferação são provenientes das adubações e outros peixes, cuja cadeia alimentar é encontrada no fundo como lodo, fezes, detritos etc. E ainda outros peixes, cuja alimentação é a ração. Então se deduz que uma determinada espécie de peixe ajuda outra determinada espécie a se desenvolver. Com este manejo de calagem e adubação periódica o criador vai garantir a sobrevivência e reprodução de pequenos animais e vegetais que servem de alimentação para os peixes. Os primeiros seres vivos (microscópios) a surgir no ambiente, chamamos de fitoplânctons e zooplânctons, logo depois vem animais maiores como vermes, bactérias, insetos, etc. A taxa de estocagem que recomendamos para este tipo de criação de peixes é de 2.000 peixes por hectare ou 1 peixe para cada 5 metros quadrados de água com 1 a 1,5 metro de profundidade. Como o criador em geral cria estes peixes em um único viveiro (uma fase), recomendamos ainda a aquisição de alevinões com comprimento acima de 6 centímetros. O criador deve verificar aonde adquirir estes peixes para não ter maiores problemas na engorda. Periodicamente o criador deve passar uma rede no viveiro para acompanhar o crescimento dos peixes, seu estado de saúde e se existem animais predadores no ambiente de cultivo, visto que a “MÃE NATUREZA” funciona com perfeição. “COCHILOU O CACHIMBO CAI”. Quem vai dizer a hora de secar o viveiro para a despesca é o mercado ou seja o consumidor do pescado, é quem vai comprar, sendo interessante o criador saber com antecedência qual a espécie de peixe preferida pelo comprador bem como o tamanho ou peso preferido.
ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL: A piscicultura feita com ração artificial tem melhor resultado produtivo de que a praticada com alimentação natural, embora
custosa. A preparação do viveiro segue o mesmo esquema da “preparação dos tanques ou viveiros para estocagem dos alevinos”. Na criação de peixes com o alimento artificial, o criador após a secagem e preparação do viveiro com a calagem e adubação de fundação e após o enchimento com água filtrada deve alimentar os animais com ração específica para peixes de cativeiro . Não é mais necessário o criador fazer adubações de manutenções porque na medida que os peixes se alimentam com a ração, os mesmos adubam o ambiente (água) com suas fezes e restos de ração, rica em fósforo e nitrogênio. O correto, se possível, é o criador ter vários viveiros para as diversas fases de crescimento dos peixes, por exemplo:
FASE 1 – É a fase que os peixes chegam na propriedade e estão jovens ou seja são os alevinos com peso reduzido de 1 a 5 gramas. Nesta fase como estes peixes são muito sensíveis é importante que sejam criados em tanques berçários que em geral medem de 100-500 metros quadrados, escavados em terra natural. Esta área do berçário vai depender da quantidade de peixes que o criador tenha interesse de engordar. Nestes berçários o criador vai ter a oportunidade de cuidar melhor dos pequenos peixes com uma alimentação mais controlada, água com melhor qualidade devido a facilidade de manejo e taxa de estocagem de 5-10 peixes por metro quadrado (a depender). A ração oferecida diariamente aos alevinos deve ter as seguintes características:
º Tipo da ração: em pó;
º Taxa de proteína: 36% ou acima;
ºQuantidade de vezes oferecida ao dia: quatro ou mais vezes;
ATENÇÃO: A ração deve ser jogada para os peixes nos horários mais quentes do dia. Caso esteja chovendo, não se recomenda dar ração aos peixes.
ºQuantidade diária de ração em peso: 10 a 5% da biomassa.
EXEMPLO DO CÁLCULO DA BIOMASSA: O criador adquire 2.000 alevinos de 1 grama e coloca em seu tanque berçário. Então, sabe-se que o mesmo está com 2000 gramas ou 2 quilos de carne viva de peixes no berçário ( biomassa). Como recomendamos, o criador deve oferecer 10% sobre a biomassa existente, então ele vai alimentar os alevinos com 200 gramas diária de ração em pó, dividido em quatro vezes ao dia. Este ajuste de ração pode ser feito de 8 em 8 dias, pesando uma quantidade razoável de alevinos e calculando a nova biomassa do viveiro.
Quando os alevinos estiverem já em fase de maior crescimento com peso médio acima de 20 gramas no prazo de 30 a 60 dias de criação são chamados de juvenis ou alevinões. É neste momento que estes juvenis necessitam de repicagem (transferência) para um viveiro maior que podemos chamar de viveiro de crescimento-fase 2 ou dependendo, caso não tenha um terceiro viveiro, até de engorda .
FASE 2 – Nesta fase os peixes com peso em torno de 20 gramas são transferidos para viveiros de crescimento-fase 2 com área de 1.500 - 2.500 metros quadrados. Como os peixes precisam de maior espaço (0xigênio dissolvido em maior oferta) para crescerem, a densidade de estocagem deve ser menor ou seja 2 - 3 peixes por metro quadrado (a depender). A ração oferecida diariamente a estes peixes juvenis tem as seguintes características:
º Tipo da ração: granulada extrusada de 2--2,5 milimetros;
º Taxa de proteína (média): 36% a 30%;
º Quantidade de vezes oferecida ao dia: Duas ou mais vezes;
ATENÇÃO: A ração deve ser oferecida ao peixes nos horários mais quentes do dia. Caso esteja chovendo, recomenda-se não dar ração aos peixes.
º Quantidade de ração diária em peso: 5 – 2% da biomassa.
EXEMPLO DO CÁLCULO DA BIOMASSA: Digamos que o criador, após a fase de criação dos alevinos no berçário, transferiu 1.250 peixes de 20 gramas para o segundo viveiro de crescimento com 2.500 metros quadrados de área. Então, sabe-se que o criador está com 25.000 gramas ou 25 quilos de carne viva de peixes no viveiro de crescimento 2 (biomassa). Como recomendamos, o criador deve dar 5% sobre a biomassa de peixes existente, e vai alimentar os alevinões juvenis com 1,250 Kg (1 quilo + 250 gramas) diário de ração, dividido em 2 ou mais vezes ao dia. O ajuste da quantidade de ração poderá ser feita de 15 em 15 dias, pesando um quantidade razoável de peixes juvenis, calculando a nova biomassa. Quando os peixes juvenis estiverem com um peso médio em torno de 100 gramas no prazo de 30 a 60 dias de criação são chamados de quase adultos e está no momento de transferir (repicar),se possível, para um viveiro maior que podemos chamar de viveiro de engorda final. Uma prática quase sempre correta de saber quando repicar os peixes é quando param de crescer durante as análises da biomassa e o oxigênio dissolvido na água está sempre baixo. Já existem medidores de oxigênio dissolvido em nosso mercado nacional.
FASE 3 – Nesta fase final de terminação (engorda), os peixes são transferidos, digamos com peso médio de 100 gramas para um viveiro de 3.000 a 5.000 metros quadrados de área. Como os peixes, quase adultos, precisam de maior espaço (oxigênio dissolvido) para engordarem, então a densidade de estocagem deve ser menor ainda ou seja 1-2 peixes por metro quadrado (a depender). A ração oferecida diariamente a estes peixes quase adultos tem as seguintes características:

º Tipo da ração: granulada extrusada;
º Taxa de proteína: 28 a 30%;
º Quantidade de vezes oferecida ao dia: duas ou mais vezes.
Atenção: esta ração deve ser oferecida nos horários mais quente do dia. Caso esteja chovendo não é recomendável dar ração ao peixe.
ºQuantidade de ração diária em peso: 5% a 1% sobre a biomassa. EXEMPLO DO CÁLCULO DA BIOMASSA: Digamos que o criador transferiu 1.200 peixes de 100 gramas para a última fase de engorda. Então a biomassa neste viveiro é de 120.000 gramas ou 120 quilos de carne viva de peixes neste último viveiro de engorda. Como recomendamos uma taxa de 5 - 1% sobre a BIOMASSA, digamos que seja de 4%, então logo no começo da engorda vamos oferecer quatro quilos e oitocentas gramas de ração ao dia (duas vezes ao dia). Ao passar do tempo, vamos diminuindo o percentual da relação biomassa, embora aumente a quantidade de ração dos peixes. Com a nossa experiência do dia a dia, estes peixes precisará na última fase de mais ou menos 2-1% da biomassa e 180 dias para atingir um peso médio de 1000 gramas – 1 quilo (a depender). CONCLUSÃO- neste sistema concluímos que o criador vai engordar o seu peixe no tempo total de mais ou menos 8 a 10 meses (a depender).


DESPESCA: Consideramos básico, o criador despescar de uma vez toda a sua produção, evitando passar a rede muitas vezes, pois isto deixa o peixe nervoso, sem apetite para a alimentação e adquirindo doenças o que poderá propiciar prejuízos ao criador na reta final do seu trabalho. Antes de iniciar a criação, o produtor já deve saber a quem vender o seu pescado, a espécie preferida pelo mercado e se possível o valor do preço por quilo.
MERCADO: O mercado para a venda de peixes de águas doces no Brasil é basicamente as cidades interioranas em virtude das pessoas nestas localidades dar preferência a pescado oriundo de piscicultura. Nós temos um grande mercado para o comércio de peixes de cativeiro na região Nordeste que é a cidade de Arapiraca em Alagoas e Fortaleza no Ceará com um forte hábito para o consumo de tilápias, conhecidas também por outros nomes. A região do Baixo Rio São Francisco é um pouco diferente cuja população tem a preferência pelos peixes nativos do Rio (xira, piau, mandim, surubim, dourado, etc,) e pelos redondos de cativeiros que são os tambaquis e tambacus.
Já existe uma Unidade Industrial de Beneficiamento de Pescado de águas doces na cidade ribeirinha de Própria, estado de Sergipe e a expectativa é que esta venha facilitar a vida dos criadores de peixes da região do Baixo São Francisco, comprando de uma única vez toda a produção de pescado do piscicultor com preços pré-estabelecidos em forma de contrato e parceria com Agentes financeiros e Instituições Públicas como CODEVASF, SEBRAE, PREFEITURA e outras instituições.