quinta-feira, 7 de junho de 2007

Propagação Artificial em Tambaqui(Colossoma macropomum)

Reprodução Artificial do Tambaqui (Colossoma macropomum)

Allan de Lima Vieira(*)
Kley da Cunha Lustosa (**)


(*) Técnico em Agropecuária com Habilitação em Zootecnia pela Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão-Sergipe; (**) Graduado em Engenharia de Pesca; Pós-graduado em Propagação Artificial de peixes pela Universidade de Godollo, Hungria.


Apresentação


O manejo reprodutivo artificial é um ponto muito importante para a piscicultura, pois pode melhorar a qualidade dos alevinos, melhorando assim a lucratividade do produtor. A reprodução artificial, como em qualquer outra criação é um método utilizado para aumentar a produtividade.
A hipofisação (método artificial de desova), serve para acelerar o processo de desova dos peixes, aumento da sobrevivência das larvas e alevinos e, conseqüentemente serve para incrementar a produção e produtividade.

Introdução

O Tambaqui (Colossoma macropomum), é um peixe natural da bacia amazônica, que quando bem alimentado e exposto a condições adequadas para o seu desenvolvimento, podem alcançar mais de 1kg em aproximadamente 3 meses, em baixa densidade de estocagem. Na fase adulta, quando estes são usados para a reprodução pode atingir de 60 a 70cm de comprimento em alguns anos ( três a quatro anos).







Matérias e Métodos da propagação artificial

Foram capturados 08 exemplares no total, sendo 04 machos e 04 fêmeas. Estes foram transportados em uma caixa de fibra de vidro com oxigênio dissolvido com muito cuidado para evitar stress. Os mesmos foram colocados e acomodados em tanques de alvenaria de aproximadamente 3m3. Foram separados por sexo em dois tanques cimentados de azulejos com renovação constante de água.
Para o inicio do processo de reprodução, os machos e as fêmeas foram pesados para que assim permitisse os cálculos da dosagem de hormônios a serem utilizados. As fêmeas apresentaram um peso médio de aproximadamente 10,750kg e os machos 06kg. Para a indução da ovulação nas fêmeas, foram administradas 02(duas) doses de hormônios gonadotrópicos, que são extraídos das glândulas das hipófises de peixes vivos (no caso, sacrificando-os) removidas da carpa comum, estas hipófises são dissecadas em acetona. Para a aplicação de hormônios nos machos foi emacerada e diluída as hipófises em solução de soro fisiológico para a indução da produção de espermatozóide.

Administração da 1º dose

Na primeira dose que serve de estimulante, foi utilizado 0,5mg de hipófise para cada kg (quilo) de peixe e 03ml de soro fisiológico para a diluição por fêmea. A primeira dose foi administrada por volta das 11:00horas da manhã, em todas as fêmeas.
Para fazer a hipofisação, foi necessário o auxilio de uma seringa (5ml). O local de aplicação é embaixo de uma das nadadeiras peitorais . Esta 1º dose foi apenas aplicada nas fêmeas, para estimular a desova, nos machos não foi necessária a aplicação porque o processo de formação dos espermatozóides é mais rápido quando comparado a maturação dos óvulos nas fêmeas.

Calculo da 1º dose
Foram utilizadas 4(quatro) fêmeas, com peso médio de 10,750kg e para cada kg foi utilizado 0,5mg de hipófise e 3ml de soro fisiológico para cada uma delas. Cada fêmea com 10Kg recebeu em média 05mg de hipófise, o que correspondeu a 3 unidades de hipófise cada uma contendo 1,7mg, as quais foram diluídas em 03ml de soro fisiológico. Doze horas após aplicação da 1º dose, foram observado o comportamento destas fêmeas e aplicada a 2º dose por voltadas 23:00 horas.

· Administração da 2º dose em machos e fêmeas

A segunda dose foi ministrada por volta das 23:00h do mesmo dia em todos os peixes (machos e fêmeas).
Fêmeas – antes da aplicação da 2º dose foram selecionadas as fêmeas que mais responderam, e melhor reagiram aos estímulos do hormônio na 1º dose, das 4(quatro) fêmeas que receberam a primeira dosagem, apenas duas das quatros apresentaram características à desova. Duas fêmeas foram descartadas. Na segunda aplicação de hormônios nas fêmeas, foi utilizado 5mg de hipófise ( ou seja uma quantidade dez vezes superior a primeira dose ) para cada kg de peixe e 5ml de soro fisiológico para diluição em cada uma delas. Feita a 2º administração do hormônio, as fêmeas foram colocadas de volta nos tanques e o fluxo de água dos mesmos foram aumentando para o incremento do nível de oxigênio dissolvido e estimular o desenvolvimento gonadal das fêmeas e de espermatozóides nos machos.
Machos – todos os machos receberam apenas uma dose única de hormônios, que ocorreu após a administração da 2º dose de hormônios nas fêmeas. Na segunda dose, os machos receberam a quantidade de 50% da quantidade do hormônio da 2º dose aplicada nas fêmeas, sendo utilizado,2,5mg de hipófise por quilograma 3ml de soro fisiológico para diluição por macho.

· Calculo da 2º dose

Fêmeas – foram utilizadas duas fêmeas (as outras duas foram descartadas, não apresentaram sinais estimulantes após a aplicação da 1º dose, tais como a flexibilidade do abdomem). Nestas fêmeas remanescentes com peso de 12kg e 10kg foi utilizado 60mg de hipófise e 8ml (oito) de soro fisiológico, respectivamente. Após a aplicação do hormônio foi feita sutura do orifício urogenital para evitar a perda de óvulos (caso as fêmeas tente liberar os óvulos antes do tempo previsto).
Machos – para os 04(quatro) machos com peso médio de 6 kg, utilizou-se 15,0mg de hipófise por macho, totalizando para os quatro machos 60mg e 12ml de soro fisiológico para diluição. Após a aplicação da segunda dose nas fêmeas e a única nos machos, houve medições da temperatura e do oxigênio dissolvido a cada intervalo de uma hora.



O tambaqui desova entre 240 e 280 horas/grau, tendo como horário previsto para desova entre 08 e 09:00h da manhã. Logo após as 10:10h foi observado que apenas uma das fêmeas apresentava os sinais característicos de desova, movimento rápido e nervoso, e em seguida, as 11:30h um das fêmeas começou a apresentar sinais característicos de maturação final para desovar, totalizando 316,9 horas /grau. Esse somatório excessivo das temperaturas ( horas grau ) não é indicada para o sucesso do processo de hipofisação em tambaqui, pois dessa forma as fêmeas começam a regredir o seu ovário e os óvulos não vão ser fecundados ou terão baixo nível de eclosão.
A temperatura é um fator muito importante para o sucesso de todo o processo de hipofisação, pois atua diretamente no metabolismo dos peixes. No outono-inverno não é recomendado fazer a hipofisação de peixes, uma vez que a temperatura atua diretamente na maturação sexual dos peixes, desenvolvimento dos ovos e embrião, havendo um baixo índice. As épocas mais indicadas para o sucesso da hipofisação em peixes são na primavera - verão, pois as temperaturas em ascensão irão auxiliar o sucesso da hipofisação.
Para o processo de extrusão, o manuseador, capturou as fêmeas e depois de dominadas, seu ventre foi pressionado no sentido crânio-caudal para a expulsão dos óvulos e depositá-los num recipiente completamente seco (bacia plástica). Das duas fêmeas que receberam a 2º dose do hormônio apenas uma desovou. Feita a desova na fêmea, os ovos foram pesados totalizando 1,600kg (1 quilo e seiscentos gramas). Como a fêmea tinha 10 quilos de peso esta quantidade de óvulos extraídos representou 16% do seu peso vivo.
Logo após essa operação de desova, os machos foram capturados para a extrusão do esperma que também é feito no sentido crânio-caudal. O esperma de dois machos foi utilizado para fertilização.
Após a adição do esperma aos óvulos, foi adicionada uma pequena quantidade de água, para haver a fecundação e misturados manualmente para imitar a correntezas do rio.
Os ovos ( já fecundados ) foram colocados em 12 incubadoras e em cada uma delas foram colocados aproximadamente 130gramas de ovos, esperando assim que ocorra a eclosão destes .
Os ovos foram colocados em 12 incubadoras que tem capacidade de armazenar 200litros de água, foi colocado em média 130g de ovos em cada incubadora com fluxo de renovação de 50 litros por minuto. A eclosão dos ovos foi afetada, por vários fatores climáticos, maturação sexual dos óvulos e outros.
Ocorreu medição da temperatura, após detectar o baixo índice de eclosão dos ovos.


CONCLUSÂO


· A metodologia de hipofisação e incubação dos ovos não foi considerada satisfatória, uma vez que a fêmea de Tambaqui não conseguiu ovular entre 240e 280 horas/grau e os ovos incubados não eclodiram, já que a hora/grau ultrapassou as 280 hora/grau após a fecundação com uma temperatura média de 28,88ºC. Deve-se respeitar o metabolismo dos peixes, para que não ocorra essa baixa taxa de eclosão.
· Após a aplicação da 2º dose de hormônio faz-se necessário aumentar o fluxograma da água para facilitar a desova, uma vez que esta prática imita as condições naturais de tambaqui.
· A temperatura da água deve estar em torno de 30ºC e a taxa de oxigênio dissolvido deve estar acima de 4,0mg/L para melhor facilitar a desova, já que a temperatura tem uma importância muito grande para o sucesso de todo o processo de indução hormonal.
· Assim, após ter observado esses parâmetros os ovos foram descartados e todo o processo foi suspenso.

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